O I Seminário de Pesquisa, Gestão, Trabalho, Educação e Saúde promovido pela UFRN contou com a apresentação de dois painéis reunindo pesquisas no tema. O primeiro, “Trabalho em Saúde: da dor ao prazer”; e o segundo, “Os heróis da Saúde também adoecem”, no período da tarde.
A coordenação do primeiro painel ficou a cargo da sanitarista da Secretaria Municipal de Saúde/Natal e pesquisadora do Observatório RH-UFRN, Renata Oliveira. O painel reuniu pesquisa nos hospitais de oncologia, desafios na atividade do gestor e saúde do trabalhador da gestão; uma pesquisa sobre os desafios da gestão do SUS e implicações na vida do gestor; e uma investigação sobre Síndrome de Burnout em trabalhadores de um setor da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde do Brasil durante a pandemia de COVID-19. Confira abaixo mais detalhes sobre cada uma das pesquisas apresentadas.
Trabalho nos Hospitais de Oncologia e vida dos gestores
A pesquisa “Trabalho nos Hospitais de Oncologia e suas repercussões na vida dos gestores” foi apresentada pelo Professor do Departamento de Saúde Coletiva (UFRN) e vice-coordenador do Mestrado Profissional em Gestão, Trabalho, Educação e Saúde da UFRN, Dyego Leandro de Souza.
Participaram do estudo os pesquisadores Nayara Priscila Dantas de Oliveira, Tatiana de Medeiros Carvalho Mendes, Helena Serafim de Vasconcelos, Dyego Leandro Bezerra de Souza e Janete Lima de Castro.
O estudo, transversal descritivo, que analisou 341 estabelecimentos de saúde habilitados e credenciados para assistência oncológica no ano de 2021, com base no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), teve por objetivo mapear a distribuição dos serviços e força de trabalho em saúde para atuação oncológica no Brasil; conhecer os sentimentos e as vivências dos trabalhadores das unidades de oncologia em relação ao sofrimento e prazer advindo do seu trabalho.
Analisou, para o mapeamento, variáveis relacionadas às características dos estabelecimentos, força de trabalho em saúde, quantitativo de profissionais que atuam em tais estabelecimentos de saúde, inclusive aqueles de nível médio e técnico, nível superior e equipes de apoio; quantitativo de leitos e estrutura física e tecnológica.
A metodologia empregada para esta fase do estudo envolveu revisão sistemática de estudos qualitativos na literatura a partir da seguinte pergunta de pesquisa: “Quais os sentimentos e vivências dos trabalhadores dos hospitais de oncologia em relação ao sofrimento e prazer advindo do seu trabalho?”.
Procedeu-se com o registro do protocolo da revisão sistemática no International Prospective Register of Systematic Reviews (PROSPERO) e para a busca dos estudos foram utilizadas as bases: Scopus, Pubmed, Scielo e Web of Science.
No que se refere ao processo de conhecer os sentimentos e as vivências dos trabalhadores das unidades de oncologia em relação ao sofrimento e prazer advindo do seu trabalho foi realizado um estudo qualitativo a partir da seguinte pergunta de pesquisa: “Quais os sentimentos e vivências dos gestores de hospitais de oncologia em relação ao sofrimento e prazer advindo do seu trabalho?” O procedimento utilizado foi a entrevista semiestruturada gravada via Google Meet e análise de conteúdo tipo temática e análise de oposições.
Ao final, os pesquisadores entenderam que a distribuição dos estabelecimentos e serviços em oncologia e da força de trabalho ocorre de forma desigual; que há uma necessidade de políticas que promovam a redistribuição no território; e uma lacuna no conhecimento, pois faltam estudos voltados aos trabalhadores em cargo de gestão; como também constataram que há também uma necessidade de formação específica para a oncologia que necessita principalmente de um reforço na formação emocional e não apenas na formação biológica.
Desafios da gestão do SUS na Pandemia da Covid-19
A segunda pesquisa “Desafios da Gestão do Sistema Único de Saúde: implicações na vida do gestor”, apresentada pela professora do Departamento de Saúde Coletiva (UFRN) e coordenadora do Mestrado Profissional em Gestão, Trabalho, Educação e Saúde da UFRN e do Observatório RH-UFRN, Janete Lima de Castro, conta com a participação da professora Janete Castro e das pesquisadoras Isabela Cardoso de Matos Pinto (ISC/UFBA), Soraya Almeida Belisário (UFMG),Tania Cristina França da Silva (UERJ), Carinne Magnago (USP) e Samara da Silva Ribeiro (UFRN).
A pesquisa tem por estudo de caso o Curso de Especialização em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (2013) e se debruça sobre a questão do adoecimento do trabalhador gestor ao discutir as implicações do exercício da gestão na vida do gestor de saúde no período da pandemia Covid-19. Parte da premissa que a gestão é um desafio complexo enfrentado pelos que ocupam cargos e funções gestoras na estrutura político administrativa do Sistema de Saúde; das repercussões desse trabalho na vida do gestor; é da constatação de que há uma lacuna nas pesquisas de saúde; e tem por base a seguinte pergunta de pesquisa: “O que se sabe sobre os gestores do SUS e as implicações do exercício da gestão na sua vida?”
Para tanto a pesquisa se propôs a mapear a literatura nacional e internacional sobre as repercussões da gestão dos serviços públicos na vida e na saúde dos secretários estaduais de saúde; conhecer o perfil dos secretários estaduais de saúde; caracterizar as Secretarias de Estado da Saúde de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal; e a identificar a percepção do gestor estadual de saúde sobre o exercício da gestão e as fortalezas e dificuldades da gestão em saúde; e a analisar as implicações do exercício da gestão nos âmbitos pessoal e institucional do gestor de saúde.
Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, exploratória do tipo estudo de caso para a qual foram utilizadas diferentes técnicas de coleta de dados como a revisão de escopo compreendendo pesquisa documental, consulta aos sites institucionais; entrevistas semiestruturadas com informantes-chave, realizadas de forma remota, por meio da plataforma Zoom no período de abril de 2021 a março de 2022.
A pesquisa, ao escutar os gestores sobre a gestão de um sistema como o SUS no período delicado e complexo da Pandemia da Covid-19 nos anos 2019 e 2020, revelou, por um lado, as dificuldades, incertezas, fragilidades da gestão; e, por outro lado, foi possível identificar o compromisso dos gestores com a gestão do SUS, ao depreender de suas falas que a gestão do SUS é complexa e desafiante, mas também enriquecedora, de grande aprendizagem e gratificante do ponto de vista pessoal e profissional.
Saúde do trabalhador nos espaços da gestão
O terceiro trabalho apresentado, “A Saúde do Trabalhador nos espaços da Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde” foi exposto pela professora substituta do Departamento de Saúde Coletiva (UFRN) e pesquisadora do Observatório RH-UFRN, Nathalia Hanany Silva de Oliveira.
A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) de acordo com as disposições da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) que define as diretrizes e normas regulamentadoras da pesquisa envolvendo seres humanos e teve por objetivo verificar a prevalência de Síndrome de Burnout em trabalhadores de um setor da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde do Brasil durante a pandemia de COVID-19.
A metodologia aplicada fez uso do instrumento Maslach Burnout Inventory (MBI) composto por 22 afirmações sobre sentimentos e atitudes do trabalhador em relação ao seu trabalho, distribuídas em três dimensões: exaustão emocional, realização profissional e despersonalização. Participaram do estudo, 43 profissionais, o que corresponde a uma taxa percentual de retorno de 91,49%.
O Burnout foi considerado uma variável constante no seguinte escalonamento: nenhuma dimensão em nível crítico, portanto, baixo; todas as dimensões no nível médio, portanto, moderado; até todas as dimensões em nível crítico, ou seja, alto nível de sentimento experimentado.
Os resultados mostraram que, apesar da maior parte dos respondentes apresentarem Burnout em baixo grau, observou-se que um quantitativo considerável de profissionais apresentou Burnout em grau médio e alto, bem como níveis críticos em pelo menos uma das três dimensões da síndrome. Um alerta que pode indicar uma propensão ao desenvolvimento da síndrome de Burnout por essa população.
A pesquisadora, por fim, alertou que os achados da pesquisa podem não só contribuir como ferramenta de detecção da Síndrome de Burnout, mas também subsidiar políticas organizacionais para prevenção do adoecimento mental relacionado ao trabalho e políticas de promoção e proteção da saúde desses trabalhadores.
I Seminário de Pesquisa, Gestão, Trabalho, Educação e Saúde
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por uma iniciativa do Programa de Pós-graduação em Gestão do Trabalho, Educação e Saúde e do Observatório de Recursos Humanos em Saúde, promove o I Seminário de Pesquisa, Gestão, Trabalho, Educação e Saúde da UFRN, em parceria com o SGTES/MS, SESAP/RN e Prefeitura do Natal, apresentando como tema “Saúde do Trabalhador da Saúde”.
O evento aconteceu no dia 15 de junho de 2023, das 8h às 17h, no auditório do Departamento de Educação Física, Campus Central da UFRN em Natal/RN. Na programação, exposição de pôsteres, palestra, apresentação de painéis com resultados de pesquisas na área e mesa redonda. Para acompanhar esta e outras notícias sobre o Seminário acesse o site e o Instagram do Observatório RH UFRN.
https://observatoriorh.ufrn.br/
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