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30 de September de 2021

Condições de trabalho e precarização de vínculos no espaço da Gestão de Trabalho em Saúde é tema de trabalho apresentada no CALASS 2021 por pesquisadoras do Observatório RH/UFRN

Condições de trabalho e precarização de vínculos no espaço da Gestão de Trabalho em Saúde é tema de trabalho apresentada no CALASS 2021 por pesquisadoras do Observatório RH/UFRN.

Gustavo Sobral, jornalista e pesquisador do Observatório RH/UFRN; Thais Paulo Teixeira Costa, bacharela em Saúde Coletiva e pesquisadora do Observatório RH/UFRN.

Locarno, Suíça, 17 de setembro de 2021. Durante as atividades da XXI edição do CALASS, congresso promovido pela Associação Latina de Análise dos Sistemas de Saúde (ALASS), a pesquisadora do Observatório RH UFRN Samara da Silva Ribeiro apresentou, pelo recurso de participação online permitido pelo evento, os resultados do trabalho de pesquisa acerca das condições de trabalho e precarização de vínculos no espaço da Gestão de Trabalho em Saúde desenvolvido em coautoria com as pesquisadoras Tatiana de Medeiros Carvalho Mendes e Janete Lima de Castro do Observatório RH/UFRN.

A pesquisa é um recorte da segunda etapa da pesquisa “Saúde do Trabalhador nos Espaços da Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde” que integra o projeto guarda-chuva “Apoio e fortalecimento das ações de pesquisa no campo da gestão do trabalho e da educação na saúde” e procurou analisar os aspectos das condições de trabalho que podem se relacionar a precarização. O estudo de caso foi um departamento de gestão do trabalho em saúde no Brasil o ano 2020.

A pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Onofre Lopes da UFRN. Participaram do estudo 51 servidores.

A coleta de dados foi realizada através de formulário veiculado no google forms enviado por e-mail aos profissionais que atuam no departamento escolhido para a realização da pesquisa e as informações coletadas foram processadas com auxílio do software Excell, Statistical Package for Social Sciences (SPSS).

Samara Ribeiro explicou que foi realizada a análise exploratória dos dados quantitativos e a análise descritiva dos dados com os cálculos de frequências absolutas e relativas e médias.

A pesquisa constatou que a maioria dos trabalhadores não tem vínculo empregatício de estabilidade com o departamento, sendo 37 (72,5%) bolsistas, e 4 (7,8%) terceirizados. Apenas 9 (17,7%) dos profissionais seguem o regime estatutário ou por CLT.

Samara Ribeiro ainda apontou como resultado do trabalho de pesquisa que o excesso de tempo de trabalho é observado quanto a profissionais que afirmam exercer atividades além das 8 horas de duração 14 (27,5%).

Algumas palavras, enfatizou a pesquisadora, como “estressante”, “exaustivo”, “desigual” e “cansativo” são apontadas pelos trabalhadores para descrever a sua jornada de trabalho.  Samara Ribeiro entende que as circunstâncias citadas demonstram que os trabalhadores vivenciam relações de trabalho frágeis quanto a estabilidade no emprego, carreira e carga de trabalho.

Segundo Samara Ribeiro, o desenvolvimento de atividades de trabalho na gestão do trabalho em saúde no Brasil combinado com condições de trabalho inadequadas e vínculos de trabalho frágeis podem causar sofrimento e adoecimento aos trabalhadores.

Situações como estas, acrescenta a pesquisadora, podem levar a sentimentos contínuos de pressão, insegurança, desmotivação e ser fator desencadeador de doenças nas esferas física e emocional. O estudo ressalta a importância de garantir condições e vínculos de trabalho seguros ao trabalhador, afim de assegurar sua saúde no espaço laboral.

CALASS 2021

A XXXI edição do congresso anual da ALASS aconteceu em Locarno, Suíça, entre os dias 6 e 18 de setembro de 2021 e permitiu, em razão da pandemia do coronavírus, a possibilidade de participação e apresentações on-line.

Os temas principais do evento foram a adequação dos cuidados nos sistemas de saúde e a gestão da pandemia do coronavírus e seus impactos sobre o sistema de saúde.

A edição homenageou Gianfranco Domenighetti (1942-2017). Nascido em Lugano, Domenighetti se dedicou à saúde pública e, entre outras atividades, foi pesquisador, professor de política e economia da saúde e consultor da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A ALASS é uma rede de cientistas formada por professores e pesquisadores voltada para investigação dos sistemas de saúde dos países latinas. Foi fundada em Lugano, em 27 de janeiro de 1989 e anualmente promove o seu congresso com a presença de pesquisadores de todo o mundo.