[...] O maior desafio do SUS hoje é a gestão do trabalho em Saúde. Silvia Tomaz
Silvia Aparecida Tomaz nasceu em Iturama/MG, Triangulo Mineiro. Assistente Social por formação, dedicou-se na pós-graduação à área em gestão do trabalho e educação em saúde. Terminou a graduação em 2000, seguiu para especialização em comportamento humano das organizações e, prestando concurso para o Estado do Mato Grosso, em 2004, concursada como profissional do nível superior do SUS, assumiu a Gerência de Desenvolvimento de Pessoas por oito anos. Atualmente, é Assessoria Técnica da Superintendência de Gestão de Pessoas da Secretaria de Estado de Saúde do Mato Grosso. Em 2007, participou do Curso Internacional de Política de Recursos Humanos para o SUS para os países andinos (CIRHUS) e, em 2010, pela FIOCRUZ, cursou o Mestrado em Gestão do Trabalho e Educação em Saúde na Fundação Oswaldo Cruz. Assumindo a presidência da Comissão de Qualificação e Formação para Licença para Pós-graduação da Secretaria de Saúde do seu Estado, conquistou o primeiro lugar em 2011, do Prêmio INOVASUS com PCCS da SES-MT, e nos anos subsequentes mais três prêmios do INOVASUS. Em 2014, recebeu convite das professoras Janete Castro e Rosana Vilar para participar do Curso de Especialização e de Aperfeiçoamento em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (CGTES), modalidade educação a distância (EAD) no Mato Grosso. Nesta entrevista, Silvia Tomas relata a experiência do curso de especialização modalidade EAD. A entrevista foi concedida ao jornalista Gustavo Sobral, membro do Observatório de Recursos Humanos em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Observatório RH-UFRN), em junho de 2015.
Observatório RH: Qual a situação da gestão do trabalho e da educação em saúde no Estado do Mato Grosso? Silvia Tomaz: Em Mato Grosso, a gestão do trabalho e da educação em saúde está sob a responsabilidade da Superintendência de Gestão de Pessoas da Secretaria Estadual de Saúde, criada em 2003, em consonância a criação da Secretaria Nacional de Gestão do Trabalho em Saúde e segue as diretrizes dos protocolos da mesa nacional de negociação. A sua importância é macro, tendo em vista que, 82% dos municípios do Mato Grosso são de pequeno porte, ou seja, com menos de 20 mil habitantes, e não possuem a área de gestão em saúde estruturada. Nesse sentido, a SES-MT tem um projeto de assessoria às SMS para implementação e ou estruturação da área, essa assessoria prestada pela secretaria estadual de saúde se faz importante. Mato Grosso é hoje o único Estado no país em que a assessoria estadual aos municípios está implantada, inclusive, esta experiência do PCCS está publicada no Laboratório de Inovação da Gestão do Trabalho e Educação na Saúde do MS coordenado pelo Observatório de Recursos Humanos de Brasília. No entanto, carecemos de formação para os gestores de RH e o curso de especialização vem a atender a esta demanda.
Observatório RH: Qual a importância do curso de gestão do trabalho em saúde? Silvia Tomaz: O maior desafio do SUS hoje é a gestão do trabalho em Saúde. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) tem tradição na formação do gestor do SUS. A UFRN tem expertise em desenvolver processos educativos correlacionados com a pratica, sempre atentando para o que serviço está necessitando, esta especialização é um retrato desta tradição. A proposta dessa Especialização aproxima teoria e pratica para atender a necessidade da área de gestão do Trabalho e Educação na Saúde e possibilita a formação não só dos gestores em atuação, mas também dos trabalhadores do SUS. O aprendizado tem começo, meio, mas não tem fim, é um processo infinito. Não há gestão na saúde sem educação permanente.
Observatório RH: Qual a importância do curso de especialização em gestão do trabalho em saúde para o Mato Grosso? Silvia Tomaz: Este curso vem auxiliar a estruturação da área de gestão do trabalho nos municípios do Estado de Mato Grosso e aproximar os campos de gestão do trabalho e da educação na saúde. O curso tem como clientela principal os gestores, mas também os demais trabalhadores da saúde tem a oportunidade de participar. É importante que todos os profissionais da saúde tenham conhecimento da área de gestão do trabalho em saúde em todas as suas dimensões: plano de carreira, qualificação, concurso público, saúde, fixação de trabalhadores, avaliação de desempenho, etc. Em Mato Grosso são dezesseis Escritórios Regionais de Saúde. Conseguimos uma mobilização em todas as regiões do estado pudessem participar, hoje estamos com representante de todas as regiões no curso. Este curso é um sonho sendo realizado, além de preencher a lacuna de conhecimento de gestor do trabalho em Saúde, é um convite aos alunos a uma imersão no processode trabalho para revisitar a teoria e a prática. O curso tem um papel fundamental para a restruturação da área da Gestão do Trabalho em Saúde no Mato Grosso.
Observatório RH: Que projetos de intervenção você espera que sejam desenvolvidos? Silvia Tomaz: A orientação da coordenação local é que os tutores orientem os alunos para que os projetos de intervenção sejam inseridos no processo de trabalho de cada um. Com isso, esperamos fazer mudanças na pratica do trabalho. Na superintendência de gestão de pessoas há 23 alunos que, de acordo com as necessidades do processo de trabalho, desenvolverão os seus projetos relacionando-os as 11 diretrizes que estão no Plano Plurianual (2014-2019). O propósito é que os projetos sejam norteados por quatro eixos estruturantes: a informação para a área de gestão do trabalho em saúde; a democratização das relações de trabalho; a valorização dos trabalhadores e do trabalho; e a formação e qualificação. Os temas que estamos elencando como prioritários são: avaliação de desempenho por competência; uma agenda positiva para saúde do trabalhador do SUS; desenvolvimento de liderança para o trabalhador e para gestor do SUS, programa de valorização para a democratização das relações de trabalho, boletim informativo que traçam os números da gestão do trabalho e o dimensionamento por competência da força de trabalho da SES.