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[...] Muita coisa eu trouxe pra minha vivência de melhorar o serviço, de melhorar a questão da qualificação dos profissionais, de ter outra visibilidade do que é gestão do trabalho. Aldenira Joacla Caetano da Silva

Entrevista

Aldenira Joacla Caetano da Silva | Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Gestão, Trabalho, Educação e Saúde

Mestranda no curso de Pós Graduação em Gestão, Trabalho, Educação e Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Aldenira Joacla Caetano da Silva é bacharel em Enfermagem pela Universidade Potiguar (2012); enfermeira Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade Potiguar (2015); enfermeira Especialista em Auditoria em Serviços de Saúde pela FAVENI (2019); e enfermeira Especialista em Urgência e Emergência pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2019). Cursa especialização em Saúde da Família e especialização em Informática em Saúde, ambas na UFRN. Atualmente, é enfermeira da Estratégia Saúde da Família, saúde da mulher, ginecologia e obstetrícia, enfermeira plantonista na Unidade Materno Infantil integrada de São Paulo do Potengi e enfermeira do Home Care Anjos em Casa. Foi docente de curso técnico, preceptora de estagio supervisionado. Nesta entrevista, Aldenira Joacla Caetano da Silva apresenta um pouco da sua visão e experiência enquanto discente do MGTES/UFRN. A entrevista, realizada em junho de 2023 por Gustavo Sobral e Thais Paulo para Observatório RH UFRN, é parte de uma série de entrevistas com os mestrandos do PPGTES.

Observatório RH: Qual a principal motivação para ingressar no mestrado? Aldenira Joacla Caetano da Silva: A minha graduação foi na universidade privada, então eu não tinha muito esse olhar na questão da parte científica até que soube de uma especialização em urgência e emergência ofertada pela UFRN que eu sentia necessidade de fazer e fui e fiz. Durante a especialização, os professores nos fizeram atentar para a importância de buscar outras oportunidades de qualificação e que uma maneira de saber os cursos disponíveis é estar sempre atenta ao site da UFRN. Foi como soube do mestrado e decidi ingressar, pois eu estava já na coordenação da atenção básica do município de Riachuelo, no Rio Grande do Norte, e vi que era a minha oportunidade, pois acredito que qualificação profissional é o que todos buscam. Até para o serviço, pois o conhecimento adquirido vai para o serviço. Sempre fui enfermeira assistencial e, quando eu ingressei no mestrado fazia apenas um ano em que eu atuava na gestão do trabalho em saúde. É o mestrado que estava faltando e que veio para agregar conhecimento ao serviço.

Observatório RH: Como foi para você a experiência de ingressar no mestrado? Aldenira Joacla Caetano da Silva: Eu acredito que na minha graduação eu só fiz mesmo o meu trabalho final. Então eu tive muita dificuldade na elaboração do pré-projeto, eu fiz com a cara e a coragem sem ter muita noção, inclusive, na arguição da banca, porque eu nunca tinha participado de uma arguição. Não tinha noção do que iam perguntar e nem como era. Eu fiz meus slides da forma que eu achei que devia ser. E fui aprovada. A minha orientadora, a professora Caroline Evelin Nascimento Kluczynik, foi muito solicita, me ajudou bastante durante todo o processo.

Observatório RH: Como avalia o aprendizado no mestrado e a sua atuação como gestora? Aldenira Joacla Caetano da Silva: Quando ingressei no curso e comecei a cursar as disciplinas a ter a vivência com os colegas, eu sou gestora há pouco tempo, e trazendo para o meu serviço eu percebi como temos uma necessidade de fortalecer essa questão da educação e saúde, a qualificação profissional, o trabalho em si, as melhorias, eu trouxe muita coisa que eu vivenciei no mestrado, do que aprendi e vivenciei nas disciplinas e na troca de experiências com os colegas durante todo o curso. Eu me tornei gestora junto com o mestrado. Muita coisa que eu fiz de melhoria no meu serviço enquanto gestão do trabalho foi voltado pelo que eu aprendi no mestrado. Então muita coisa eu trouxe pra minha vivência de melhorar o serviço, de melhorar a questão da qualificação dos profissionais, de ter outra visibilidade do que é gestão do trabalho.

Observatório RH: Poderia mencionar algum exemplo destas mudanças na gestão do trabalho? Aldenira Joacla Caetano da Silva: Na gestão do trabalho, por exemplo, começamos a trabalhar a questão da gestão de pessoas, a realizar reuniões e adaptações no serviço, e comecei a gerenciar essa questão do trabalho, o relacionamento interpessoal do atendimento da necessidade de qualificação dos profissionais que trabalham na gestão, implantamos algumas regras dentro do serviço, instituímos a avaliação por desempenho dos profissionais de atenção básica dentro do prontuário eletrônico e o prontuário eletrônico que não existia. Há critérios pré-estabelecidos para cada profissional, médico, enfermeiro, etc., então a partir da avaliação de desempenho de cada profissional. Isso melhorou muito o serviço. É tanto que eu peguei o Previne Brasil, programa do Ministério da Saúde, que é uma coisa da atenção básica, né? No Previne Brasil precisamos atingir metas específicas, como quantidade de atendimentos de gestante, odontológicos. Então eu fui me baseando por aí o qual a meta que eles tinham que bater mensal pra que nessa meta mensal a gente atingisse o geral do município. Cada um fazendo a sua parte. E está valendo muito a pena da planilha aonde a gente avalia a parte qualitativa que incentiva as boas práticas de trabalho como assiduidade, pontualidade, qualificação profissional, quantidade de atendimentos. Instituímos, assim, uma forma de pagamento básica e quando eu comecei na gestão o município era o número oitenta e quatro na posição estadual, hoje, estamos em décimo primeiro no estado entre duzentos e poucos municípios. A avaliação de desempenho foi uma da parte da gestão do trabalho que a gente conseguiu implantar que está funcionando bem, funciona tanto para a equipe da atenção básica, quanto para a equipe multiprofissional.

Observatório RH: E na gestão da educação? Aldenira Joacla Caetano da Silva: Acredito que ao buscar qualificação, eu estou mostrando que eu sou qualificada e eu posso cobrar e incentivar a meus profissionais a serem do mesmo jeito. O gestor é um líder e o líder tem que ser o exemplo. Eu mostro os caminhos, eu busco, eu fico pesquisando, eu vou mostrando onde é que tem o curso. Partimos para mostrar a importância da qualificação e conseguimos que oitenta por cento dos agentes de saúde participassem de um curso de qualificação, na conversa, mostrando a necessidade. Também passamos a ofertar alguns cursos de qualificação, oferecemos um pacote de cursos voltados para a assistência humanizada, recepção, atendimento humanizado. Também oferecemos cursos de qualificação voltados para cada grupo específico, enfermeiros, motorista, ASGs, etc. Inscrevemos, agora, todos os profissionais da atenção básica, pois o nosso município tem um grande quantitativo de pacientes oncológicos, em um curso de qualificação ofertado pela Liga contra o Câncer. A nossa qualificação tem que ser contínua. Não pode parar. Eu acredito que o gestor tem que tem que ter esse olhar. Tudo parte da gestão. Tanto que a minha dissertação vai ser voltada pra questão da educação da saúde.

Observatório RH: Você poderia, para finalizar, nos falar um pouco sobre a sua proposta para a dissertação? Aldenira Joacla Caetano da Silva: A minha dissertação é voltada justamente para um curso de capacitação para os profissionais de atenção básica sobre o pré-natal do homem. Uma necessidade que eu vejo desde que eu era enfermeira assistencial, a ausência do homem no pré-natal. Na questão emocional, do apoio à mãe, da questão do vínculo familiar, de tudo isso. Porque eu vejo muito esta ausência do homem e neste processo podemos também o auxiliar no cuidado com a própria saúde. O homem que vem ao pré-natal, eu consigo ver se ele está com vacina em dia, encaminho para o dentista, conseguimos ajuda-lo na prevenção, porque o homem só aparece na unidade de saúde quando está doente. E essa prevenção seria durante o pré-natal. A maioria dos profissionais não sabia nem que existia o pré-natal do homem, coisa que é antiga do Ministério da Saúde, mas não é usada. Então assim, se eu enfermeiro, eu médico, não sei que existe o pré-natal do homem, como é que eu vou chegar a esse homem e fazer com que ele chegue ao serviço? Como é que eu vou ofertar se nem eu sei que existe? Então o curso é pra isso. É pra é qualificar os profissionais pra que eles saibam que é o pré-natal do homem. Saibam como fazer e consigam trazer esse homem ao serviço. Eu pretendo colocar em prática no município. É só terminar de defender o trabalho para começar a fazer a qualificação com os profissionais. Então eu acredito que vai ser muito bom para o município, mesmo que eu não esteja aqui há dois, três, quatro, cinco anos, mas o curso estará lá pronto para quem quiser usar.