[...] O SUS só tem a ganhar quando se tem uma rede qualificada. Ana Carla Macedo
Ana Carla Macedo é mestre em Gestão, Trabalho, Educação e Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Possui graduação em psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1986), especialização em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2011), especialização em Formación en Psicopedagogía Clínica pela Escuela Psicopedagógica de Buenos Aires (1998), aperfeiçoamento em Curso Qualificação de Gestores do SUS pelo Fundação Oswaldo Cruz (2010); aperfeiçoamento em Formação de Apoiadores para a PNH pelo Fundação Oswaldo Cruz (2006); e aperfeiçoamento em psicologia e educação pela Universidade de São Paulo (1999). Atualmente, é psicóloga da Secretaria de Saúde Pública. Tem experiência na área de educação, com ênfase em Tópicos Específicos de Educação. Atuando principalmente nos seguintes temas: Gestão, Educação na Saúde, Agenda CIB. Nesta entrevista, Ana Carla Macedo apresenta um pouco da sua visão e experiência enquanto discente do MGTES/UFRN. A entrevista, realizada em novembro de 2023, por Gustavo Sobral e Thais Paulo, para Observatório RH UFRN, é parte de uma série de entrevistas com os mestrandos do PPGTES.
Observatório RH: Qual a principal motivação para ingressar no mestrado? Ana Carla Macedo: Tenho toda uma trajetória na Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte e havia cursado a especialização em Gestão do Trabalho e Educação na Saúde oferecida pela UFRN e pensei que eu poderia aprofundar um pouco mais o que havia estudado e pesquisado na especialização. Foi quando surgiu a oportunidade do mestrado e fui concorrer, pensando em um projeto que fosse bom para a Secretaria. Fui aprovada e entrei com um projeto, mas estou saindo com outro.
Observatório RH: Por que? Ana Carla Macedo: Porque o mestrado foi me modificando. Ao passo que fui cursando as disciplinas, fui vendo que tinha algumas questões que eu estava me indagando, principalmente no campo da gestão que não era muito com o que eu tinha apresentado quando eu concorri. Na verdade, tentei concorrer para pensar a percepção dos profissionais da escola de saúde pública com relação à educação permanente e, no final, senti necessidade de entender porque é que a gente continuava falando dos problemas da educação permanente e não investigava o campo da gestão dos gestores. Aí, fui procurar entender a questão na origem: discutir a educação permanente na agenda dos gestores para poder pensar o desdobramento no dia a dia, e me propus a fazer uma análise da agenda bipartite, com um recorte temporal para entender como a educação e saúde da educação permanente é pautada nesta comissão de gestores.
Observatório RH: Poderia nos contar um pouco sobre a rotina do curso? Ana Carla Macedo: Quando começamos o mestrado, começamos no remoto, em razão da Pandemia da Covid-19, por isso, tivemos que estabelecer nossas ligações à distância. Além disso, trabalhadores da saúde que somos, continuávamos trabalhando nas rotinas nos serviços de saúde e tínhamos também que dar conta de nos aprofundar no conteúdo das disciplinas, entregar trabalhos, etc. Eu fiquei fascinada, fui vendo o quanto temos que expandir nessa discussão do mundo do trabalho para além desse fazer, a gente precisa pensar a agenda política do trabalho e fomos construindo toda essa ideia do trabalho até chegar nas disciplinas que tratavam da gestão do trabalho. Como pensar o processo educacional? Quais são as ofertas do SUS? Como é que administramos? Como é fazer a gestão do trabalho e, ao mesmo tempo, fazer a gestão da educação em saúde? Vimos toda a história da gestão do trabalho na saúde, desde de quando se chamava recursos humanos até hoje. Foi um percurso gratificante para mim.
Observatório RH: Como foi o processo de construir uma pesquisa trabalhando? Ana Carla Macedo: Fui conversando com pessoas na Secretaria para ver se fazia sentido. Se fazia sentido. Conversando com a atual coordenador e com a subcodenadora, a diretora da escola de saúde pública, fomos dialogando, e fui perguntando: faz sentido o que estou tentando pesquisar? Sim, fazia muito sentido e era preciso uma pesquisa sobre isso. Contribuições que vieram a somar a minha e a da minha própria orientadora, a professora Flávia Machado. Conversávamos muito, aprendemos muita coisa juntas. O olhar dela foi muito decisório para tudo o que eu construí. Firmamos uma boa parceria. Além disso, na sala de aula, no dia a dia, havia muita troca de informações entre os mestrandos, partilhamos textos, discussões. Foi um momento muito bom.
Observatório RH: Neste processo, qual você entende que foi o seu maior desafio? Ana Carla Macedo: Construir uma cabeça de pesquisadora, porque estamos no dia a dia fazendo as coisas, mas é como se não entendêssemos que o que o que estamos fazendo é pesquisa. O mestrado me trouxe todo esse cuidado científico. Tudo que vou fazer agora no campo do trabalho eu penso: Qual o objetivo? Qual é o método? O que é que a gente quer, onde é que queremos chegar? O mestrado me trouxe essa ferramenta de que eu posso olhar para o meu trabalho com mais cuidado científico, de organização, e, por isso, hoje eu me considero uma pesquisadora.
Observatório RH: Poderia nos falar um pouco sobre o papel das bancas para o aperfeiçoamento do seu trabalho de pesquisa? Ana Carla Macedo: As bancas foram capazes de apontar coisas que eu não tinha enxergado, por exemplo, quando eu faço recorte temporal da minha pesquisa, 2018 a 2021, a banca trouxe uma contribuição importantíssima ao indagar sobre a presença do cenário da Pandemia na minha pesquisa. Também foi capaz de apontar como era importante um documento que eu havia encontrado e que não havia me dado conta do tamanho da importância para a minha pesquisa, uma portaria que fala sobre a definição das regras de ensino e serviço com os municípios. Daí, já fui me debruçar para a construção da defesa já com esse olhar.
Observatório RH: Para finalizar, que mensagem você deixaria àqueles que pretendem cursar o mestrado profissional? Ana Carla Macedo: Eu acho que as pessoas têm que investir muito nessa coisa do aprendizado. O SUS só tem a ganhar quando se tem uma rede qualificada. Então eu digo às pessoas que façam especialização, façam o mestrado, principalmente na área da gestão de trabalho e da educação na saúde, que precisa de qualificação para propor melhores estratégias de ação na área. Assim, ganhamos todos.