[...] o mestrado constrói em bases muito sólidas. Ingrid Beatriz
Bacharela em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2016) e especialista em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2019), Ingrid Beatriz da Silva é mestranda do Mestrado Profissional em Gestão, Trabalho, Educação e Saúde da UFRN. Atuou como Subcoordenadora de Capacitação de Recursos Humanos da Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte e como sanitarista do Departamento de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Natal. Atualmente, é Subcoordenadora da Gestão do Trabalho da Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte. Tem experiência na área de Saúde Coletiva, atuando principalmente nas temáticas de recursos humanos em saúde, gestão do trabalho em saúde, gestão da educação na saúde e negociação coletiva. Nesta entrevista, Ingrid Beatriz da Silva apresenta um pouco da sua visão e experiência enquanto discente do MGTES/UFRN. A entrevista, realizada em maio de 2023, por Gustavo Sobral e Thais Paulo para Observatório RH UFRN, é parte de uma série de entrevistas com os mestrandos do PPGTES.
Observatório RH: Qual a principal motivação para ingressar no mestrado? Ingrid Beatriz: Cursar este mestrado profissional na UFRN é parte de uma história minha com a universidade. Há exatos dez anos eu comecei a minha trajetória na Saúde Coletiva ao ingressar no curso de graduação em Saúde Coletiva da UFRN (2013). Tão logo ingressei, ao cursar uma disciplina com a professora Janete Castro, descobri a existência do Observatório em Recursos Humanos em Saúde, coordenado pela professora Janete e pela professora Rosana Villar. Participei de um processo seletivo e comecei a fazer parte do Observatório. Boa parte da minha formação foi pautada por uma formação dentro do Observatório e, consequentemente, na área de recursos humanos em saúde, na gestão do trabalho, na educação da saúde, seja em pesquisa, apoio técnico em projetos e tantas outras atividades que a gente desenvolvia naquela época. Então, desde o meu ingresso na universidade que eu me reconheço trabalhando dentro da área da gestão do trabalho e da educação. Passei os quatro anos da graduação atuando nessa área. Quando conclui o curso da graduação, fui atuar no Sistema Único de Saúde justamente nessa área. Comecei toda uma carreira na gestão de trabalho e da educação, primeiramente, no Estado, na SESAP, depois como sanitarista no município de Natal. Essa vontade de fazer o mestrado, portanto, vem de muito tempo, porque eu fui me qualificando e atuando nessa área. Inclusive, fiz o curso de Especialização em Gestão do Trabalho e Educação da Saúde oferecido também pela UFRN, concluído em 2018, no ano em que ingressei na Secretaria Municipal de Saúde de Natal. E posso dizer que foi a partir dos conhecimentos adquiridos na especialização e na atuação na secretaria municipal que me habilitei para tentar o processo seletivo para este mestrado. Na primeira turma eu não pude ingressar, porque era destinada pra servidores da Secretaria de Estado, e eu atuava no município. Fiquei esperando a minha hora que chegou na segunda turma. Fiz o processo seletivo, fui aprovada, e aqui estou.
Observatório RH: Poderia nos contar um pouco como foi para você passar pelo processo de seleção para ingressar no mestrado? Ingrid Beatriz: Não pude ingressar na primeira turma, mas consegui cursar duas disciplinas como aluna especial. O que só me motivou a ter mais vontade de ingressar com uma aluna regular. Quando saiu o edital para uma segunda turma, eu vi que poderia me inscrever. A primeira coisa a fazer é uma leitura do edital, algo que eu já tinha feito da primeira vez, então, eu já conhecia mais ou menos o programa, quais eram as linhas de pesquisa, como ia funcionar, etc. E aí veio o grande desafio do processo seletivo que é montar o projeto. E tem a entrevista que também foi um passo importante, onde eu tive a oportunidade de falar sobre como eu tinha pensado a construção da minha proposta de pesquisa, um pouco de como eu estou fazendo aqui com vocês, falar sobre o que tinha motivado e a forma como eu tinha trabalhado pra escrevê-lo. O resultado foi a aprovação e, então, eu pude finalmente ingressar como aluna regular no mestrado profissional. O que eu tanto desejava.
Observatório RH: Como foi o processo de escolha do tema e a elaboração do projeto? Ingrid Beatriz: No projeto, você já apresenta um pouco o que você conhece dentro dessa área, como você formula suas ideias, como você relaciona o que você está se propondo a estudar com a linha de pesquisa. Eu comecei então a identificar o que é que eu poderia apresentar como objeto de pesquisa. Um dos pontos que me motivou e que me chamou a atenção na época era a área da saúde do trabalhador, sobretudo, era o ano de 2021, e vivíamos a Pandemia da Covid-19, atuando diretamente na área da gestão do trabalho no período pandêmico, realizando processo seletivo, estruturando saúde do trabalhador, dimensionamento de pessoal, e fiquei pensando como eu poderia levar um pouco desse movimento todo que eu vivi para o projeto. Conversei com algumas amigas, sobretudo Renata Fonseca, trabalhávamos juntas como sanitaristas no município de Natal, e trocávamos muitas ideias, e pensamos que poderia ter muito potencial para estudar no mestrado a saúde do trabalhador do Sistema Único de Saúde. Foi nesse movimento todo que nasceu a perspectiva do meu projeto que começou assim obviamente muito mais ampliado do que está se concluindo hoje. Eu estou na finalização. Já qualifiquei e vou apresentar a dissertação em breve sobre a saúde do trabalhador do SUS durante e depois da Pandemia da Covid-19. E foi assim que o projeto nasceu, nessa perspectiva de unir uma temática superimportante para a área da gestão do trabalho da educação da saúde e da saúde do trabalhador e aprofundar esse estudo de algo que eu já vivia. Acontece que, no final de 2021, veio um convite pra que eu fosse para a Secretaria de Estado da Saúde Pública pra assumir a subcoordenadoria de gestão do trabalho, que é o lugar que eu estou hoje. Essa mudança me trouxe uma outra perspectiva, porque agora eu poderia somar a experiência que tive no município com a experiência do Estado. Assim, eu fui modelando o meu projeto de pesquisa que começou muito numa lógica de Natal e ampliei o olhar também para o Estado do Rio Grande do Norte.
Observatório RH: Qual a sua visão do processo de aprendizado? Ingrid Beatriz: As disciplinas conversam entre si. O que é muito positivo, porque você vai para um primeiro momento entendendo toda a base da gestão do trabalho, em seguida sobre a educação na saúde. Então tudo que você vê em um semestre faz sentido quando você vai para um próximo. Há também uma correlação entre as disciplinas e o trabalho. O mestrado, então, se constrói muito dessa forma entre o serviço e o conhecimento propiciado pelo mestrado. Um pensamento, uma teoria, uma lógica e aí faz você voltar pro seu serviço e dizer, mas isso aqui não funciona bem assim, ou, isso aqui tem tudo a ver com o que aquele autor está dizendo e eu não fazia ideia; ou, eu tenho uma prática alinhada com a teoria que eu não conhecia que eu posso ir qualificando, baseado naquilo que eu estou vivendo dentro do mestrado, o meu processo de trabalho. Dessa maneira, o mestrado constrói em bases muito sólidas. Outro aspecto importante é que temos na sala de aula vinte olhares sobre isso, de lugares diferentes, trazendo suas experiências, sua visão de vida e o seu conhecimento técnico daquilo que viveram e do que vivem.
Observatório RH: Como conciliar o mestrado com o trabalho? Ingrid Beatriz: O mestrado é em módulos e isso contribui bastante, porque você tem um módulo de imersão, que é quando você tem aquela semana específica de aula, e isso facilita para ter uma organização prévia da agenda do trabalho para nos dedicarmos às aulas. Há também os outros momentos que exigem a nossa dedicação, os momentos para realização das atividades, as leituras, que geralmente utilizamos o período da noite e os finais de semana. No meu caso, dediquei o primeiro ano a cursar as disciplinas e o segundo à pesquisa.
Observatório RH: Qual a importância do mestrado para a sua atuação profissional? Ingrid Beatriz: As disciplinas do mestrado são muito bem desenhadas com a área em que atuamos, então estamos durante o mestrado sempre nesse processo de construção entre o aprendizado no mestrado e o dia a dia do serviço. No meu caso, em uma secretaria de Estado, atuando na gestão do trabalho de uma secretaria inteira com mais de quinze mil trabalhadores é um universo de situações e de coisas que a gente tem que lidar e, no mestrado, você lê, estuda, escuta seus professores, seus colegas e volta à realidade no outro dia e pensa: mas isso está acontecendo aqui! O mestrado, portanto, nos traz um conhecimento mais instrumentalizado que nos é útil no trabalho. Eu estou no mestrado como aluna e eu estou atuando como profissional e percebo que esse retorno está acontecendo. Esse retorno social do processo de educação. Estamos em um processo formativo, em um processo de qualificação, que está reverberando na prática, construindo o Sistema Único de Saúde no nosso fazer diário.