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[...] Apesar de ter vindo de outra universidade, foi com a universidade pública que vivenciei diversas oportunidades envolvendo projetos de pesquisa, ensino e extensão. Douglas Ferreira

Entrevista

Douglas Ferreira Enedino Albino | Secretário Executivo da Comissão Intergestores Bipartite (CIB/SUS-RN).

Entrevista realizada com Douglas Albino que atua como Secretário Executivo da Comissão Intergestores Bipartite (CIB/SUS-RN). Douglas tornou-se bacharel em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte no ano de 2013. A entrevista foi realizada por Thais Paulo Teixeira Costa, pesquisadora do Observatório de Recursos Humanos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Observatório RH: Douglas, gostaríamos que você nos falasse sobre sua trajetória de vida e início da atuação profissional. Douglas Ferreira: Então, acredito que seja importante iniciar contando que, por 15 anos, morei no interior do Rio Grande do Norte, onde cursei o Ensino Fundamental e quase todo o Ensino Médio em escola pública. Vim para Natal-RN com aproximadamente 16 anos para concluir o Ensino Médio e prestar vestibular. Inicialmente, em meados de 2006, desejei fazer algum curso na área da saúde e tentei ingressar no Bacharelado em Farmácia, porém não consegui. O que percebia era que minha vontade em atuar na área da saúde estava relacionada à área da gestão dos serviços de saúde, mas, evidentemente, por saber que não existia um curso desse tipo, não compreendia esse desejo. Acabei entrando no curso de licenciatura em ciências biológicas, em uma universidade privada aqui em Natal. Vivi um pouco da vida acadêmica. Gostei muito, principalmente por ter sido nesta época que estagiei no ensino público em escolas municipais e estaduais de Natal- RN. Foi um período muito rico e com muito aprendizado. Ao terminar o curso de ciências biológicas, em meio a incertezas, tentei vestibular novamente, e como segunda opção escolhi a graduação em Saúde Coletiva (que na época se chamava Gestão em Sistemas e Serviços de Saúde). Não fui aprovado na primeira opção, e sim na segunda. Foi um período conturbado, pois acabava de concluir uma graduação e fui convocado em uma das últimas etapas para realizar a matrícula. Contudo, fiquei muito feliz com a oportunidade em estudar em uma universidade pública, que se tornou um diferencial para mim. Apesar de ter vindo de outra universidade, foi com a universidade pública que vivenciei diversas oportunidades envolvendo projetos de pesquisa, ensino e extensão. Também ingressei nos movimentos estudantis a nível local, regional e nacional, além de conhecer a realidade dos serviços de saúde que fez um diferencial na profissão. Ainda no período do estágio, recebi um convite para atuar na Secretaria Municipal de Saúde de Natal, pelo então Secretário Dr. Cipriano Maia de Vasconcelos. Ao concluir a graduação, mesmo inserido no serviço, fiz uma especialização em Micropolítica da Gestão do Trabalho em Saúde pela Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro, e, depois, ingressei no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde há um ano curso o mestrado.

Observatório RH: Como foi trabalhar recém-formado na Secretaria Municipal de Saúde de Natal? Douglas Ferreira: Atuei por cinco anos nesta secretaria e trabalhei na chefia do Setor de Planejamento Estratégico. Este setor é ligado à Assessoria de Planejamento Estratégico e da Gestão do SUS, que está vinculado ao Secretário Municipal de Saúde. Então, desenvolvi um trabalho de assessoria de planejamento estratégico em atividades, isso em conjunto com o secretário, equipe do gabinete e com a direção de departamentos. Por um período de 04 anos e 06 meses, atuei como Secretário Executivo na Comissão Intergestores Regional da Metropolitana como colaborador.

Observatório RH: E, atualmente, como tem sido sua vivência como egresso de saúde coletiva na Secretaria de Saúde do Estado? Douglas Ferreira: Fui convidado pelo gestor da Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP-RN) para compor a equipe técnica. Atualmente atuo como secretário executivo da Comissão Intergestores Bipartite (CIB). Realizo a articulação com os gestores municipais e com a equipe técnica da SESAP. Além disso, busco contribuir junto aos gestores municipais nas atividades recorrentes aos processos de trabalho deles por meio das Comissões Intergestores Regionais – CIR. Temos desenvolvido e pensado em ações para melhorar o funcionamento e o fortalecimento da regionalização. Além de ser secretário executivo, presto assessoria à equipe técnica da secretaria estadual de saúde. Neste trabalho, utilizo todas as áreas da saúde coletiva com as quais tivemos contato durante a graduação como, por exemplo, as áreas de Atenção Básica, atenção especializada, planejamento, regulação, financiamento, etc. Com minha experiência, também trabalho com ementas parlamentares e habilitação de serviços. Tenho me aproximado das Comissões de Integração entre Ensino e Serviço, e busco, constantemente, contribuir e aprimorar minha prática de trabalho no serviço.

Observatório RH: Possivelmente, este é um dos momentos com o maior número de bacharéis em saúde coletiva na secretaria. Como tem sido estar inserido na secretaria com outros colegas de formação? Douglas Ferreira: Tem sido um momento muito feliz. Isso por que temos a oportunidade de ter egressos próximos atuando na mesma secretaria. Temos uma boa bagagem de conhecimento graças a nossa graduação. Vejo também um total interesse em fortalecer o sistema de saúde e trabalhamos com um forte laço de companheirismo, o que tem contribuído para o fortalecimento da nossa prática de trabalho. Fico feliz em ter pessoas no trabalho com os princípios similares. É uma felicidade muito grande. Tenho trabalhado próximo à coordenação de planejamento da secretaria, que hoje é coordenada por um egresso da graduação, e temos desenvolvido um apoio mútuo. Então, sinto-me muito feliz de estar contribuindo com inovações junto com os egressos.

Observatório RH: Se você fosse deixar um recado para quem está iniciando a graduação em saúde coletiva, o que você diria? Douglas Ferreira: Primeiramente perguntaria seu interesse pelo SUS. Você tem de gostar para conseguir quebrar barreiras, superar os obstáculos e ter muita fé e esperança que é possível contribuir com a melhoria da condição de saúde da população. E não desistir nunca, porque os desafios e obstáculos são diversos e grandes. Então, quem ama e realmente gosta da saúde coletiva não deve desistir e seguir em frente, sempre.