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[...] A qualificação que a graduação de saúde coletiva proporciona rompe com um padrão de desconhecimento do funcionamento do sistema de saúde. Deuma Oliveira

Entrevista

Deuma Oliveira | Setor de Atenção a Promoção a Saúde - Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte

Entrevista realizada com Deuma Oliveira que atua no Setor de Atenção a Promoção a Saúde da Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte. Deuma tornou-se bacharela em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte no ano de 2018. A entrevista foi realizada por Thais Paulo Teixeira Costa, pesquisadora do Observatório de Recursos Humanos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Observatório RH: Vamos começar por sua trajetória. Por que escolheu a graduação em Saúde Coletiva? Deuma Oliveira: Vejam bem, na época em que fiz vestibular, a graduação em Saúde Coletiva ainda se chamava “Gestão em Sistemas de Serviços de Saúde”. Naquela época, fiz o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), para, assim, incentivar o meu filho mais velho que iria prestar o vestibular. A escolha pela graduação se deu pelo fato de eu possuir um curso técnico na área da saúde. Todavia, apesar de ter um conhecimento prévio sobre a área da saúde, entrei com uma percepção generalista, a mesma percepção que muitas pessoas têm sobre o Sistema Único de Saúde (SUS). Com o desenvolvimento do curso, ao longo de cada semestre, apaixonei-me pelo SUS, bem como pela proposta pedagógica do curso, e, também, pela sua estruturação. Enfrentei alguns desafios por não ser só estudante, mas também mãe, esposa e trabalhadora. Tive de ter pulso para viver nesse contexto, pois, para mim, era tudo novo. Isso por que passei 20 anos fora da sala de aula e voltei em um cenário com novas tecnologias. Inserir-me nesse novo contexto para aprender coisas me levou a um aprendizado que nem imaginava que poderia ter. Então, para mim, foi aprendizado em todos os níveis possíveis.

Observatório RH: Como está sendo sua experiência na Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte? Deuma Oliveira: Minha primeira experiência nesta Secretaria foi por meio do estágio obrigatório no setor de recursos humanos. Foi uma experiência muito boa e extremamente rica. Tive afinidade com o serviço e destaco a importância da minha tutora e do meu preceptor nesse período que passei na Secretaria. Após um período de pausa, recebi o convite para trabalhar no Setor de Atenção a Promoção à Saúde. Para mim, tem sido uma experiência muito importante, pois hoje eu consigo compreender tudo que vi em sala de aula. Como egressa em Saúde Coletiva, trago comigo conceitos que carregam consigo a capacidade de nos fazer compreender o nosso papel dentro do sistema de saúde, bem como compreender a importância do acompanhamento e do monitoramento das políticas e da sua realização dentro do próprio serviço. Tudo isso é importante para nós que temos um conhecimento da formação em Saúde Coletiva.

Observatório RH: Possivelmente, este é um dos momentos com o maior número de bachareis em saúde coletiva na secretaria. Como tem sido estar inserida na secretaria com outros colegas de formação? Deuma Oliveira: Eu acredito que hoje estamos tendo uma ótima oportunidade de contribuir com o contexto da secretaria. Conseguimos identificar como o egresso em Saúde Coletiva, sem desmerecer os demais cursos, faz diferença no serviço. A qualificação que a graduação de saúde coletiva proporciona rompe com um padrão de desconhecimento do funcionamento do sistema de saúde. Então, isso é importante, pois todos esses alunos, esses jovens que estão adentrando no serviço, têm um potencial de ajudar e contribuir com a sua consolidação. É nítido como conseguimos observar a maneira como esse egresso trabalha, seja por meio das ações de planejamento, ou no uso das ferramentas de gestão no cotidiano de execução dessas ações, bem como tudo isso pode contribuir com o aprimoramento das suas práticas nos espaços de trabalho.

Observatório RH: Esse é um momento rico na secretaria, se pensarmos na quantidade de egressos que estão inseridos nela. Você tem conseguido trabalhar em rede? Deuma Oliveira: Sim, sim. E isso já acontece hoje, pois nós temos uma característica comum de ter interesse pela área da saúde coletiva. Isso faz com que facilite a execução do nosso trabalho, uma vez que é mais fácil você ser de um grupo que já discute o assunto por termos a mesma linguagem. Identificamos muitas possibilidades, isso graças aos conteúdos que foram apreendidos do curso. Outra questão que nos ajuda muito é o fato de termos outras pessoas decididos a superar os desafios encontrados, pois isso potencializa o trabalho que desenvolvemos e iremos desenvolver. Inclusive é um contexto que buscamos trabalhar no próprio território. Acredito que a Universidade está ajudando muito nesse processo, tendo em vista que vem garantido uma formação com base nas necessidades do sistema. Acredito ainda que precisamos de mais alunos da graduação conosco para pensarmos juntos em outras possibilidades. Para mim, seria muito importante a presença de mais alunos junto à Secretaria do Estado.

Observatório RH: E, Deuma, se você pudesse deixar um recado para quem está iniciando a graduação em Saúde Coletiva, qual seria? Deuma Oliveira: Eu diria para nunca desistir. Diria também para que seja resiliente, pois todo os esforços valem a pena. Vivemos experiências maravilhosas por trabalharmos não só para nós mesmos, pois, trabalhando de maneira correta e com clareza em nossos objetivos, conseguimos fazer um bem muito maior à população. Parece um trabalho de formiguinha, por ser feito aparentemente algo pequeno, mas, aos poucos, identificamos que, com aquele trabalho, um todo foi construído. Para mim, ser resiliente diz tudo para conseguir chegar até o fim.