Rede ObservaRH - Observatório RH da UFRN

[...] "Observatório de Recursos Humanos em Saúde da UFRN tem projetos que se complementam e esses projetos são contínuos." Rosana Vilar

Entrevista

Rosana Lúcia Alves de Vilar | Professora associada da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e vice coordenadora do Observatório de Recursos Humanos da UFRN.

Rosana Lúcia Alves de Vilar é doutora em Ciências Sociais. Atualmente é professora associada da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e vice coordenadora do Observatório de Recursos Humanos da UFRN. Atuou como vice coordenadora do Curso de Especialização em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde em suas cinco regiões do país. Nesta entrevista, ela conversa com Thais Paulo, pesquisadora do Observatório RH - UFRN, sobre o Curso de Especialização em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.

Observatório RH: Com que se deu a sua inserção neste projeto em larga escala que assumiu o desafio qualificar a rede de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Sistema Único de Saúde em todo o País, utilizando a ferramenta do ensino a distância? Rosana Vilar: A minha inserção nesse projeto dos cursos de especialização e de aperfeiçoamento em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde se deu desde do seu início. O primeiro grande desafio foi pensar a proposta pedagógica baseada na problematização para um processo educativo na modalidade EAD mediado pela internet. Nós já tínhamos uma experiência acumulada com outros cursos na mesma área de forma presencial. Então a minha participação na fase inicial foi direcionada a atualização e adequação da proposta pedagógica para modalidade a distância mantendo a concepção da problematização. Aproximando assim, os temas do curso ao trabalho desenvolvido pelos alunos.

Observatório RH: E como que foi ofertado o curso de especialização em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde? A senhora pode falar um pouco sobre essa trajetória, fazer um resumo de como foi ofertado, como ele foi desenvolvido? Rosana Vilar: O curso foi desenvolvido em várias etapas. Na primeira etapa priorizamos a região Nordeste, na qual todos os estados foram contemplados. Realizamos oficinas de preparação de tutores para apresentação e discussão do conteúdo e concepção pedagógica do curso. Como também capacitá-los no manuseio do ambiente de aprendizagem virtual. A plataforma do ambiente virtual foi elaborada pela Secretaria de Educação a Distância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A segunda etapa atendeu as regiões Centro-Oeste e Norte. E a terceira etapa – concluída recentemente – foi destinada as regiões Sul e Sudeste. Nós fizemos a opção por realizar o curso em etapas e por regiões para que pudéssemos ter um acompanhamento mais próximo e uma condição melhor de avaliar cada etapa e aperfeiçoar cada vez mais o processo.

Observatório RH: Teve algum motivo especifico para começar pela região Nordeste? Rosana Vilar: Priorizamos começar pelo Nordeste porque nós estávamos já inseridos nessa região. Foi uma discussão na ocasião feita com o Ministério da Saúde. O Nordeste foi a nossa experiência piloto, digamos assim. A segunda etapa aconteceu nas regiões Centro-Oeste e Norte por uma decisão do próprio Ministério da Saúde. Havia um diagnóstico de necessidades de capacitação que justificava essa decisão. As regiões Sul e Sudeste ficaram por último pela avaliação de serem regiões que têm muitas ofertas de cursos. Mas, para a nossa surpresa, tivemos um excelente procura pelo curso. E concluímos com um baixo percentual de evasão, o que nos trouxe o sentimento de alcance dos objetivos com êxito.

Observatório RH: Considerando que o curso atingiu as cinco regiões do país, já podemos falar de impactos? Pode mencionar algum? Rosana Vilar: Nós não temos um estudo de impacto para eu lhe dizer aqui resultados mediados por uma avaliação mais sistemática. Mas posso destacar alguns elementos importantes que nos ajudam a pensar que estamos contribuindo para uma gestão mais qualificada na área no Sistema Único de Saúde, que por sinal é um propósito do curso. Um elemento importante que pode ser destacado é a modalidade do Trabalho de Conclusão na forma de projeto de intervenção, devidamente aprovado pelo gestor. Ora, selecionar um problema e fazer proposta para sua superação, baseados no que foi aprendido no curso, já pode ser considerada uma contribuição imensa. Mas também recebemos diversas noticias, enviadas pelos egressos dos cursos, que falam da implantação desses projetos. Eu acho que isso significa impacto, resultado positivo. Também recebemos relatos sobre mudanças nos processos de trabalho. Quando os profissionais refletem sobre suas práticas, tendo bons referenciais teóricos, mudanças positivas acontecem, não é? Acreditamos que ao optarmos pelo uso de uma metodologia de ensino que parte da realidade dos serviços, ajuda a impulsionar mudanças. Então, eu creio sim, que já estejamos tendo impactos positivos na gestão dos serviços, em especial na gestão do trabalho em saúde. Agora, seria muito interessante que pudéssemos realizar uma pesquisa que nos que fornecesse esses dados de forma mais sistematizada. Quem sabe não será o nosso próximo trabalho pelo Observatório RH- UFRN?

Observatório RH: Então a senhora a acredita este curso pode contribuir para o fortalecimento da área de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde no âmbito federal, estadual e municipal? Rosana Vilar: Sem dúvida. O curso tem como um dos seus grandes objetivos contribuir para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde na área da gestão do trabalho da educação na saúde. Eu diria que pelo próprio escopo do curso está evidentemente claro porque esse é um dos papéis desse curso.

Observatório RH: Você acredita que a metodologia de ensino-aprendizagem utilizada contribuiu para a baixa taxa de evasão dos cursos? Rosana Vilar: Acima de tudo eu atribuo a baixa evasão ao papel desempenhado pelo professor/tutor. Mas, veja, existe uma interdependência e o papel do professor/tutor está relacionado com a metodologia adotada. Compreende? O papel do professor/tutor é para nós, fundamental como apoiador no processo ensino aprendizagem e também como agente de motivação. Tanto que temos um zelo muito grande na seleção e preparação desses colaboradores. Temos a preocupação de discutir com eles sobre o quão é decisiva a sua atuação, sua responsabilidade em fazer um acompanhamento mais próximo do aluno. O acompanhamento do aluno em um curso de especialização é fundamental para que o aluno se sinta apoiado e motivado.

Observatório RH: O Observatório de Recursos Humanos da Universidade Federal do Rio Grande possui uma longa trajetória na qualificação dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde, o que esta experiência em larga escala representa para a trajetória do Observatório? Rosana Vilar: Eu diria que o observatório faz parte de uma rede que tem como um dos propósitos o fortalecimento do sistema de saúde. Este é o meu ponto de partida para responder a sua questão. Este curso que estamos concluindo tem grande importância para o nosso trabalho porque a partir dele foram desencadeados vários projetos de intervenção em estados e municípios e também porque a partir deles iniciamos várias pesquisas de grande relevância para a área de Gestão do Trabalho da Educação na Saúde nas secretarias de saúde. Veja, o que quero dizer é que o Observatório de Recursos Humanos em Saúde da UFRN tem projetos que se complementam e esses projetos são contínuos. Enfim, nós, falo por aqueles que fazem parte da coordenação do ObservatórioRH, não vemos esses cursos como uma atividade isolada. É um conjunto de iniciativas que vão se complementando.

Observatório RH: É uma ação que está relacionada a uma rede de outras ações, certo? Rosana Vilar: Exatamente. É uma rede de ações. Quando uma ação, ou até um mesmo um projeto, se conclui, um novo ciclo de atividade, ações e projetos com o mesmo grande propósito se iniciam. Na verdade, outras iniciativas darão continuidade ao propósito de fortalecer a gestão do SUS.