[...] O processo de organização da oferta de capacitação/formação tem buscado se vincular, de forma mais orgânica, aos problemas do sistema que afetam sua capacidade de resposta. Nelson Barbosa
Nelson Barbosa é psicólogo, especialista em Saúde Pública, mestre em Saúde Coletiva, área de concentração planejamento e administração em saúde, e doutor em Saúde Pública, concentração em gestão de sistemas e serviços de saúde. Com larga experiência na gestão dos serviços de saúde, atuou na Secretaria Municipal de Saúde de Natal, foi professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e atualmente é diretor da Escola de Saúde Pública da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás. Nelson volta a colaborar com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), assumindo o papel de coordenador, no estado de Goiás, do Curso Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, desenvolvido na modalidade Educação a Distância. Esse curso tem a coordenação nacional da UFRN e promoção do Ministério da Saúde, está sendo ofertado para 1.100 gestores e equipes gestoras dos estados das Regiões Centro Oeste e Norte. Essa entrevista foi concedida à Janete Castro, coordenadora do Observatório RH-UFRN, no dia 20 de agosto de 2015.
Observatório RH: Qual a situação da Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde no Estado de Goiás? Nelson Barbosa: Podemos considerar que a gestão do trabalho, seja como tema de interesse acadêmico, seja como desafio aos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS), ainda se encontra em um estágio que considero incipiente. Temos alguns avanços, como a implantação da Mesa Estadual de Negociação do Trabalho (com funcionamento descontínuo); do Plano de Cargos, Carreiras e Salários da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO); e a diminuição da precarização do vínculo entre Agentes Comunitários de Saúde. Mas, o ritmo e a profundidade destas mudanças ainda precisam ser intensificados. No campo da Gestão da Educação, acho que temos mais avanços para registrar. Além da Escola de Saúde Pública da SES, temos duas escolas instaladas, uma no município de Goiânia e outra no município de Aparecida de Goiânia. O processo de organização da oferta de capacitação/formação tem buscado se vincular, de forma mais orgânica, aos problemas do sistema que afetam sua capacidade de resposta. Estamos organizando as ofertas em módulos articulados, dentro de cursos e programas de qualificação, de forma a superar a fragmentação desta oferta em cursos de pequena duração, desenvolvidos de maneira insular, sem conexão com temas e objetivos maiores. A ESAP da SES-GO possui um portfólio que abrange desde a formação técnica profissionalizante até o stricto sensu (Mestrado Profissional em Saúde Coletiva, em parceria com a UFG) e um corpo profissional com bom nível de titulação (10 doutores, 14 mestres, 47 especialistas), de um total de 120 servidores. Estamos investindo na EaD, conseguimos colocar nossa plataforma no ar esta semana. As secretarias municipais, além de parceiras em algumas iniciativas, desenvolvem ações destinadas aos seus trabalhadores, em diversas modalidades. A Escola de Goiânia apresentou recentemente um projeto de um curso de mestrado profissional (oferta pontual), na área de saúde do trabalhador. Portanto, é perceptível o desnível entre as duas áreas.
Observatório RH: Qual a importância do Curso de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde para o cenário nacional? Nelson Barbosa: Considerando a situação que acabei de lhe apresentar, este curso é de fundamental importância para constituição de uma rede de gestão do trabalho. Abrangendo, serviço, academia e o controle social.
Observatório RH: Qual a importância do Curso de Especialização e Aperfeiçoamento em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde para Goiás? Nelson Barbosa: A formação de um número expressivo de especialistas na área pode contribuir para organização da rede estadual, que impulsione outras iniciativas, como a implementação do Observatório de Recursos Humanos em Saúde no estado. Além de permitir o aumento da produção acadêmica e de experiências em gestão do trabalho. Para isto, é importante criar novas possibilidades de manter as pessoas conectadas ao tema, com novas oportunidades de formação, como um Mestrado Profissional. Além do fomento à experiências inovadoras em relação aos grandes desafios da área.
Observatório RH: Que projetos de intervenção você espera que sejam desenvolvidos como resultado do curso? Nelson Barbosa: Acho que dois temas seriam muito bem vindos: a fixação de profissionais em áreas remotas e de difícil acesso e a construção de sistemas de avaliação de desempenho. Estes dois temas, além de um projeto de construção da carreira dos trabalhadores do sistema, com foco na profissionalização, devem ser fomentados, pois representam nós-críticos que o sistema enfrenta.